Equoterapia leva emoção e cuidado ao Sindicato Rural

A Etapa do Rio Grande da Inclusão de Ouro foi disputada no Parque de Exposições Filinto Eládio da Silveira, do Sindicato Rural do Rio Grande, um dos núcleos do Festimar, na última quinta-feira, 06. A Inclusão de Ouro compõe o calendário oficial da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) e a etapa do Rio Grande valeu pontos para a classificatória geral, que seleciona os melhores peões para a grande final durante a Expointer, em Esteio. A prova Inclusão de Ouro, que completa cinco anos em 2023, preza pela inclusão social por meio de uma competição equestre entre pessoas com deficiência. Mais do que a prova, é indispensável destacar como a união entre essas pessoas e os cavalos têm se mostrado como uma grande ferramenta de tratamento, por meio da equoterapia.

A equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo numa abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência ou necessidades especiais, assim define Mylena Dias, na obra Equoterapia Bases e Fundamentos.

Desde 2011, a Equitação e Equoterapia do Rio Grande foi idealizada e dirigida por Marina Oliveira, fisioterapeuta de 34 anos. Segundo ela, o trabalho realizado abrange adolescentes, idosos e, acima de tudo, crianças com deficiência. Entre elas, pessoas com autismo, paralisia cerebral, síndrome de down e síndromes raras. A escola também trabalha com a parte da educação: déficit de cognição e atenção, hiperatividade. Nos adultos, o trabalho de equoterapia também atende pessoas com AVC, Parkinson e Alzheimer, entre outras. 

A Escola de Equitação e Equoterapia atua com fisioterapeutas, psicólogos e um profissional de equitação. Marina conta que a iniciativa surgiu através da sua vontade de trabalhar com os cavalos e pessoas especiais, desde a Universidade de Fisioterapia. “Entrei em contato com a Associação Nacional de Equoterapia (ANDE Brasil), entidade que fiscaliza a equoterapia no âmbito nacional, fiz os cursos deles e montei o centro de equoterapia”. Apesar de realizar cerca de 95 atendimentos semanais, a diretora mencionou o desejo de atender toda a comunidade, por meio de uma parceria com a Prefeitura e com o SUS. “Atualmente, nós temos convênio com a rede particular. Além disso, temos o projeto ‘apadrinhadores’, que ajuda a ofertar o tratamento para crianças em vulnerabilidade social”, pontuou. 

Quando questionada sobre os resultados da equoterapia, ela aponta uma melhora de equilíbrio, tônus muscular e ganho de força de uma forma geral. Além disso, melhora a autoestima e a autoconfiança, a partir da interação com o animal. Marina ainda cita como exemplo Fernanda, de 27 anos: “Hoje tivemos participando da Inclusão de Ouro uma menina que iniciou a equoterapia com dez anos e, quando ela iniciou, não conseguia ficar sentada no cavalo sozinha. Precisávamos de dois profissionais para auxiliar ela e hoje ela vai andar sozinha e guiando o cavalo já utilizando as rédeas”, relatou.

Por fim, Marina falou sobre a equoterapia como forma de cultuar o cavalo e o tradicionalismo gaúcho. “Aqui no Rio Grande do Sul, o cavalo é mais do que instrumento cinesioterapeuta da equoterapia, ele também é uma figura muito característica do nosso tradicionalismo. A paixão pelo cavalo já vem do berço do próprio gaúcho. Então a gente consegue alinhar duas coisas muito importantes, que é a melhora através da terapia e também o convívio de contato com o animal, que é tradicionalmente uma cultura”, disse.

Vera Marlene, mãe de Fernanda, relata que depois de 17 anos praticando equoterapia, a jovem, com encefalopatia crônica não progressiva, melhorou de forma considerável. “Ela melhorou bastante desde que começou a fazer a equoterapia. Ao falar, ela babava muito. Melhorou praticamente em tudo. Inclusive, conseguir ficar em pé sozinha”, disse. Sobre o sentimento de mãe ao enxergar o resultado desse processo, Vera não hesita em resumir em apenas uma palavra: “Gratidão”.

Já Paulo Vitor Mendonça, de 22 anos, é carioca e mora no Rio Grande desde 2004. O ginete, portador de Transtorno do Espectro Autista (TEA), relatou se “sentir muito feliz e calmo andando à cavalo”. Quando questionado sobre a vestimenta que utilizou no momento da prova, tradicionalmente gaúcha, com camisa branca, lenço vermelho, bombacha e bota, ele afirmou: “eu sou cariúcho”.

A mãe de Paulo Vitor, Clara Mendonça, percebe uma evolução da autonomia e segurança do filho. Além disso, percebe que “ele se sente muito mais seguro quando ele está em cima do cavalo. São dias que emocionalmente ele fica mais tranquilo e isso acaba se refletindo em todas as áreas da nossa vida”. Clara recomenda a equoterapia não somente para pessoas especiais, mas também para quem sofre de ansiedade e depressão. “Todo manejo que você tem com um cavalo, trabalha muito também essa questão de autoestima e de autonomia, que acaba repercutindo no psicológico, nas emoções e no bem-estar das pessoas”, ponderou. 

A carioca, natural do Rio de Janeiro, demonstra carinho ao tratar da cultura gaúcha, que auxiliou na adaptação à Rio Grande e na qualidade de vida do filho, por meio da equoterapia e do convívio com os cavalos: “No início, foi um pouco estranho porque normalmente o foco da terapia é no profissional e, na equoterapia, o foco principal é o cavalo. Então, nós achamos um pouco diferente, mas nos apaixonamos muito. Não é só andar a cavalo, meu filho cuida do cavalo. Outro dia, fizeram uma atividade para dar banho no cavalo, então essa questão também é de cuidado, de respeito. É muito importante, como estamos aqui no Rio Grande há 19 anos, nós nos sentimos um pouco gaúchos também, né? [Estamos] envolvidos nas tradições gaúchas e ela só acrescenta no desenvolvimento do meu filho. Nós ficamos muito felizes em estar participando desse momento”, finalizou.

Para colaborar com a Escola de Equitação e Equoterapia do Rio Grande e saber de todos os eventos realizados, a diretora Marina Oliveira recomenda seguir a conta da escola no Instagram: @equoriogrande e deixa o convite à comunidade para visitar as instalações, no Sindicato Rural do Rio Grande. 

Festimar 

O Festival do Mar — Festimar é uma realização da Câmara de Dirigentes Lojistas do Rio Grande e São José do Norte. O evento tem a parceria da Prefeitura do Rio Grande e Prefeitura de São José do Norte. O patrocínio é da Portos RS – Governo do Estado, Corsan – Governo do Estado, Ecosul, Refinaria Riograndense, Postos Buffon, Cervejaria GG, Yara Brasil, Supermercados Guanabara, BRDE, Fruki Bebidas, Wilson Sons, Praticagem da Barra do Rio Grande, COOTRACAM-RG e Fertilizantes Piratini.

Por: Paulo Sérgio Nunes
Supervisão: Brenda Vieira Reg. 20231/RS
Foto: Rodrigo Lopes
ASCOM Festimar/Grupo Zenobini

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